18ª Etapa – Terradillo de los Templarios a El Burgo Ranero

A 18ª etapa será um pouco longa, com subidas e descidas leves. Quando digo leve quero dizer que não são exageradamente inclinadas, como nos Pirineus ou na chegada em Zubiri, por exemplo. Não imagine um terreno plano.

O maior incômodo deste dia será a distância, já que o relevo colabora bastante. Aliás, a distância e também o clima, pois o sol forte ou a chuva podem atrapalhar. Mas a esta altura do campeonato você já deve estar acostumado com isso!

Neste dia você vai passar pela metade do Caminho de Santiago, se você considerar somente a parte espanhola. Ou seja, para quem iniciou em Roncesvalles será a metade, desconsiderando trajetos alternativos.

Neste artigo vou dividir a etapa em três partes. É como eu sempre faço ao caminhar mais de 30 quilômetros. Planejo assim para ter duas pausas para descanso, lanche, arejar os pés e trocar as meias em intervalos de aproximadamente 10 quilômetros. Isso não quer dizer que você não possa fazer diferente!

Terradillo de los Templarios a Sahagún

A saída de Terradillo de los Templários é bem tranquila, bom terreno, com subidas e descidas que podemos chamar de “normais”. Os desníveis não são algo que possa assustar um peregrino, ao menos quem já caminhou até aqui. Nenhum desnível é absurdamente difícil, somente inclinações relativamente fáceis de enfrentar.

Depois da saída você caminhará cerca de 1,35 quilômetro e encontrará o asfalto, um pequeno trecho de 450 metros. Em seguida volta ao piso de terra.

Até este ponto você estava descendo, de 880 até 843 metros. A partir daqui você começa a subir, mas nada difícil, fique tranquilo.

Mais um pouco à frente estará na pequena Moratinos, no quilômetro 3,2. Neste pueblo você pode encontrar algo para comer. Isto é, se os estabelecimentos já estiverem abertos, mas normalmente estão.

Porém um conselho que vou dar é não parar tão cedo, a não ser que não tenha tomado café antes de sair.

Moratinos a San Nicolás del Real Camino

Ao sair de Moratinos, altitude de 859 metros, vai ter uma subidinha mais chata até o quilômetro 4,4, altitude de 876 metros. Depois será predominantemente descida até San Nicolás del Real Caminho, no quilômetro 5,8. San Nicolás del Real Camino é um pouco maior que Moratinos, mas também é um lugar pequeno.

Lateral da igreja de San Nicolas Obispo em San Nicolas del Real Camino
Igreja de San Nicolas Obispo, em San Nicolás del Real Camino

Ainda não há motivo para você parar, a não ser que queira conhecer o local ou tenha algum problema.

San Nicolás del Real Camino a Sahagún

Saindo do pueblo você continuará descendo até o quilômetro 6,25, onde encontrará a carretera N-120. Claro, esta nossa “companheira do caminho” sempre aparece! Você vai acompanhá-la até Sahagún. Ou melhor, quase até Sahagún, pois há um desvio perto da entrada.

A subida, leve, continuará até você ter andado 7,75 quilômetros no dia. Neste ponto você contornará um viaduto, que marca a metade do trecho entre Terradillo de los Templarios e Sahagún.

A partir de agora até o décimo quilômetro será um trecho de descida leve, ótimo para descansar um pouco. O quilômetro 10 será marcado pelo rio Valderaduey.

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Ao cruzá-lo você pegará um desvio para a direita que leva até a Ermita de la Virgen del Puente, 400 metros depois (Km 10,4). Esta ermita já foi também um hospital de peregrinos. Aproveite para tirar fotos e respirar um pouco.

Este local é também lugar de descanso para os peregrinos. Conta com lugares para sentar e mesinhas de concreto para fazer um lanche, caso queira. Importante notar que você está entrando na província de León, deixando a província de Palência para trás.

Mais 2,5 quilômetros de subida leve e chegará ao centro de Sahagún, no quilômetro 12,9.

Ermita de la Virgen del Puente, perto de Sahagun
Logo após cruzar a fronteira da Província de Léon, o peregrino passa pela Ermita de la Virgen del Puente. Estará muito próximo de Sahagún.

Sahagún

Sahagún é uma cidade com boa estrutura, tem lojas, restaurantes, mercados, estação de trem e ônibus. Além de hotéis, pensões e, obviamente, albergues. Resumindo, todo tipo de comércio.

Alguns ajeitam as etapas de modo a ficar nesta cidade. Ela é a primeira da província de León e considerada a metade do Caminho Francês.

É uma alternativa interessante. Dependendo de como planejar o seu trajeto a partir de Carríon de los Condes, pode incluir Sahagún como fim de uma etapa.

Sahagún a Bercianos del Real Camino

Aproveite para abastecer seu cantil em Sahagún. Depois que sair da cidade vem um longo e monótono trecho, com retas intermináveis ao lado da estrada, sem muitos desníveis. Digo, o trecho será uma leve subida até Bercianos del Real Camino, mas quase imperceptível.

Na saída de Sahagún você vai passar pela indicação da metade do Caminho de Santiago (considerando somente a parte espanhola). Isso considerando a distância entre Roncesvalles e Santiago de Compostela, como já expliquei.

A grande dificuldade desta parte estará no clima se estiver chovendo ou fazendo muito calor. É um trecho de poucas sombras, mesmo com as árvores que foram plantadas ao longo do trajeto.

Não sei se foi obra do acaso, mas sempre peguei bastante vento nesta região. Já andei por aí com duas situações de vento: contra e a favor. Quando estava a favor, foi um dos dias mais fáceis de caminhar, parecia que tinha uma mão me empurrando. Já com o vento contra era o contrário, a mão segurava! Mas, como sempre, tudo faz parte do Caminho.

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Passando a indicação da metade do Caminho Francês, no km 13,4, cruzará o rio Cea. A rota segue então sempre ao lado da estrada.

No km 17,1 fique atento, vai precisar cruzar a estrada. Em seguida, no km 17,4 você precisa prestar atenção novamente: há um trajeto alternativo que vai por Calzada del Coto, que segue pela direita.

Caminho alternativo até Calzadilla de los Hermanillos

Para quem decide ir pela rota alternativa, chegará em Calzada del Coto no km 18,1. Neste local tem um albergue, caso queira ficar aí.

É importante avisar que você pode entrar em Calzada del Coto e depois retornar ao Caminho Real Francês. Este pequeno desvio aumentará seu trajeto em pouco menos de 1 quilômetro.

De Calzada del Coto até Calzadilla de los Hermanillos serão mais 8,4 quilômetros. Você vai cruzar a linha do trem 2,1 quilômetros depois de sair do primeiro pueblo e, 3 quilômetros mais à frente, passará pela granja de Valdelocajos.

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Não conheço este caminho alternativo, por isso não posso dar muitos detalhes. O que sei é que por aí você vai por uma via que não segue o asfalto.

As duas rotas se juntarão novamente somente no dia seguinte, em Mansilla de las Mulas.

Continuando pela rota do Real Caminho Francês

Depois da bifurcação, onde você seguiu pelo lado esquerdo, você continuará caminhando ao lado do asfalto. Porém é uma estrada local, bem menos movimentada.

A parte boa é que a partir daqui terão árvores plantadas para fazer sombra para os peregrinos. Mas, não conte muito com isso, pois o sol normalmente vem do lado oposto.

Tem outra coisa que também foi feita pensando nos peregrinos. A cada quilômetro, aproximadamente, tem um banco de concreto para um pequeno descanso!

Bem, falando em descanso, no km 17,4 vai ter uma área de descanso, conhecida como merendero. Fica bem ao lado do viaduto por onde passa o trem.

Caminho ao lado da estrada, com árvores plantadas do lado esquerdo e banco para o peregrino sentar
Árvores plantadas ao longo do caminho e banco a cada quilômetro para maior conforto do peregrino.

Continuando a marcha, vai passar pela Ermita de la Virgen de Perales no km 21,5, onde também tem bancos e mesas.

Falta bem pouco para chegar a Bercianos del Real Camino, calma. Mais 1,4 quilômetros e estará neste pequeno município (km 22,9). Não sem antes passar em frente ao albergue La Perala, a 500 metros da cidade.

Nunca fiquei nesta localidade, não sei indicar um albergue. Caso você conheça algum deixe seu comentário aqui embaixo, depois do artigo.

A entrada em Bercianos não é muito bem sinalizada, mas tenha em mente que é sempre seguir pela mesma rua, sempre em frente. Vai caminhar pela Calle Mayor até o fim da pequena cidade. Há indicações de como faz para ir ao albergue ou ao bar, caso queira comer algo.

Bercianos del Real Camino a El Burgo Ranero

Bercianos del Real Camino também é uma cidade que muitos escolhem como fim de etapa. Tem albergues, bares e hostals.

Mas faltam apenas 7 quilômetros para chegar em El Burgo Ranero, uma hora e meia de caminhada mais ou menos. É preciso avaliar se não vale a pena andar mais neste dia, poupando-se no outro dia para chegar descansado em León.  Afinal dois dias depois estará lá, uma cidade grande que tem muito para ver e fazer.

Continuando sempre pela Calle Mayor, siga em frente até chegar ao asfalto. Voltará a caminhar ao lado da pequena estrada, como estava fazendo antes. Mesmo esquema, árvores plantadas e banco para descansar a cada quilômetro, aproximadamente.

O terreno será predominantemente subida leve até quase o fim do dia, sempre com muitas ondulações. Porém nada que mereça um aviso, inclinações sempre dentro do razoável.

Depois de um trecho de descida, no km 25,1, vai ter mais uma área de descanso no Arroyo del Olmo, um lugar com bastante sombra.

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Ainda falta 1 hora de caminhada aproximadamente, então pode aproveitar para renovar sua energia.

Foto de uma rua de El Burgo Ranero
Nesta rua de El Burgo Ranero se encontram o albergue e várias hospedarias, além da farmácia e uma mercearia.

Já no Km 28,8 você vai cruzar a carretera A-231, passará por baixo dela. Este pequeno viaduto é bom para quebrar a monotonia da paisagem. Aí já estará a pouco mais de 20 minutos do destino final.

Em El Burgo Ranero você encontrará bares, mercearia, farmácia, albergues e hostals. Não há muito o que ver neste lugar, então procure descansar bastante, pois foi um dia duro.

As próximas etapas serão mais tranquilas, mas é bom estar recuperado. O lugar é propício para isso, aproveite!

6 comentários em “18ª Etapa – Terradillo de los Templarios a El Burgo Ranero”

  1. ola peregrino claudio, estas fotos aqui apresentadas ,me fazem retroceder no tempo, já que no passado ano de 2014 eu, durante vinte e nove dias, fui deixar a minha pégada por este interessante caminho a santiago de Compostela, o qual me deixou algumas marcas não só físicas, mas também morais, já que depois de ter trilhado o caminho francês, eu senti uma forte necessidade de dar continuidade de trilhar outros caminhos de santiago, por esse motivo, no ano 2015, fui desafiado a trilhar o caminho do norte, mas foram trinta e um dias de grandes batalhas físicas, porque o caminho do norte é muito mais violento, não só pela dureza das etapas, mas também pela falta de albergues nalguns pontos cruciais, algo que no caminho francês não acontece, pois está muito bem servido de albergues,mas sendo eu uma carcaça já com quase 63 anos de idade te posso dizer que, depois de já ter trilhado muitas levadas e veredas na ilha da madeira, e depois de ter trilhado os dois caminhos portugueses, o caminho francês, e o caminho do norte, a santiago de Compostela, se o meu amigo criador assim o permitir, e que eu possa, vou com certeza absoluta, trilhar novamente esse caminho francês a santiago, já que eu sinto um chamamento para que assim aconteça, não me perguntes porquê, pois existem palavras da alma, as quais a boca não as consegue proferir, muita saúde claudio.,,

    1. Olá Tito!

      Obrigado por escrever!
      Em 2014 eu fiz o Caminho Francês com a minha mãe, que estava completando 77 anos. Depois do Caminho ela sempre aconselhava as pessoas a não irem, pois indo uma vez iria querer repetir sempre! 🙂
      Eu só fiz o Caminho Francês, um dia farei os outros trajetos. O Português e o do Norte seriam minhas opções, mas primeiro vou fazer mais uma vez o Francês. Da mesma forma que acontece com você, ouço o Caminho chamar.

      Um abraço e bom Caminho!

      Claudio

    1. Olá Antônio!

      Obrigado por seguir o blog!
      A 19ª etapa está em fase de revisão e estou procurando imagens. Logo deverá sair, acredito que até a metade da próxima semana, no máximo. Tive problemas com meus arquivos, estou recuperando-os. Agora já vou conseguir publicar pelo menos até León. Acredito que pelo menos umas 2 etapas por mês eu consiga. Claro que vou tentar fazer mais que isso.
      Meu objetivo é terminar as etapas o mais breve possível, então vou me empenhar mais em buscar o cadastro atualizado dos albergues. Além das etapas estou trabalhando em outros artigos. Um deles que está a caminho explica como regular a mochila, algo que vai ajudar muito os peregrinos! 🙂
      Fique de olho que logo saem mais artigos!

      Um abraço e bom Caminho!

      Claudio

  2. Olá Cláudio! Acompanho faz muito tempo aqui teus posts, e foram fundamentais para eu me preparar para o Caminho. Inicio em Saint Jean Pied do Port dia 9 de outubro, semana que vem, irei até Leon pois depois tenho outros compromissos. El Burgo Ranero, quais locais tu indicas para pernoitar? Já ficaste em algum lugar nesta cidade?
    Abraço e, obrigada por compartilhar tuas experiências e dicas.

    1. Claudio Bittencourt Pacheco

      Olá Rozana!

      Alegra-me saber que acompanha meu blog! Foi um trabalho árduo, mas que vejo que valeu a pena sempre que tenho um feedback assim, como o seu.

      Falta pouco para começar o seu Caminho, espero que consiga ver a resposta a tempo.

      Já fiquei sim em El Burgo Ranero, mas como não tinha feito reservas acabei tendo que ficar num hostal (ou teria que andar no frio e na chuva mais uns 10km! rs).

      Indicar lugar para ficar é uma tarefa um pouco difícil, pois mudam os hospitaleiros, o dono do albergue, alguns abrem, outros fecham… e depende também da experiência de cada um. O que posso te dizer, baseando-me nos relatos de outros peregrinos que estavam comigo no Caminho, é que o albergue municipal Doménico Laffi é um bom albergue, porém não aceita reserva. Paga-se por donativo, e, pelo que sei, a acolhida é boa. Aliás, isso é um dos fatores mais importantes. Muitas vezes o albergue é muito simples, mas a acolhida compensa.
      Há outros dois albergues (se não abriu nmais nenhum), a Hospedería Jacobea El Nogal e o Albergue La Laguna, sendo que este último vejo muitos relatos de peregrinos que não gostaram nada do atendimento, alguns reclamaram também do albergue. Mas pode ter sido uma questão pessoal… Então eu escolheria nessa ordem: Doménico Laffi, Hospederia Jacobea El Nogal e Albergue La Laguna.
      Há também pensões e hostels, mas também é bom ver a qualificação que os peregrinos deram em sites como o Gronze.com. De qualquer forma, não se preocupe, terá uma boa experiência, independente de qualquer coisa.
      Não se preocupe com a questão de não fazerem reservas. Como muitos peregrinos fazem reserva, a maioria não procura albergues que não fazem. Claro, nunca é garantido que não terá lugares, mas você vai sentir lá como está o fluxo de peregrinos. Ao chegar em El Burgo Ranero já terá experiência suficiente para avaliar.
      Espero que tenha ajudado com a minha resposta! E não deixe de compartilhar conosco a sua experiência quando voltar, seja fazendo um comentário, mandando um relato para eu publicar ou enviando alguma sugestão ou correção para manter o blog atualizado. Isso ajudaria muito os peregrinos que ainda não foram e precisam de informação. 🙂

      Um abraço e bom Caminho!

      Claudio

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