24ª Etapa – Rabanal del Camino a El Acebo

Foto de El Acebo, no Caminho de Santiago de Compostela

A etapa entre Rabanal del Camino e El Acebo tem apenas 17 quilômetros, porém é uma etapa bem puxada. Muitos guias indicam para ir até Molinaseca ou Ponferrada, o que pode ser feito tranquilamente. Isso certamente diminuiria o número de etapas, mas estou me concentrando em curtir o Caminho de Santiago ao máximo!

El Acebo é um lugar bem tranquilo, fica logo após uma descida pesada, muito difícil. Dependendo do lugar que você se hospedar neste pueblo, terá uma linda vista, principalmente à noite. Neste lugar você poderá descansar bastante, até por não ter muito o que fazer e ver no pueblo.

Alternativamente você pode optar por ir direto até Molinaseca. Será um pouco mais cansativo, mas nada de absurdo. Porém nos outros dias terá que decidir como fará a divisão das próximas etapas.

Ou então você pode ir até Ponferrada, já que o caminho desde Molinaseca não é nada difícil. Porém chegará tarde e talvez não tenha tempo de visitar o Castelo Templário ou conhecer um pouco da cidade.

Rabanal del Camino a Foncebadón

Coloquei como ponto de referência o albergue La Senda, que fica bem no começo de Rabanal del Camino e é o lugar onde costumo ficar. Então, já na saída vai ter que subir bastante, atravessando o pueblo. Aliás, subidas vão ter muitas neste dia, mas as descidas serão piores!

Área de descanso entre Rabanal del Camino e Foncebadón.

A novidade hoje é que você não anda ao lado da estrada. Pelo menos não como antes. Muitas vezes você até estará seguindo o traçado da rodovia, mas ela não estará ao alcance dos olhos. Isso ajuda muito, pois deixa o trajeto menos monótono.

Neste dia você vai cruzar a rodovia muitas vezes. A primeira vez será no km 1,5, pouco depois de sair de Rabanal del Camino. Sempre preste bastante atenção ao cruzar a rodovia! É comum estarmos distraídos quando estamos caminhando há bastante tempo.

Ao chegar no km 2,2 você vai encontrar uma fonte de água que não é potável. Além disso, ela parece um cocho (talvez fosse). Então você cruzará novamente a rodovia no km 2,45 e, 600 metros adiante vai ter uma pequena área de descanso coberta e fonte (não tenho certeza se esta é potável!). Estará a pouco menos da metade do trecho até Foncebadón.

Chegando em Foncebadón

Chegando em Foncebadón (em cima, do lado esquerdo)

No km 5,35 mais uma vez atravessará a rodovia. Não falei que isso acontecerá muitas vezes hoje? Desta travessia até Foncebadón falta pouco mais de 300 metros.

A diferença de altitude entre estes Rabanal del Camino e Foncebadón é de 290 metros em 5,6 quilômetros aproximadamente. Ou seja, é uma subidinha boa. Mas está quase no fim da subida pesada!

Casa em ruínas na entrada de Foncebadón. Foto de 2009, é possível que esta casa esteja restaurada atualmente.

Foncebadón era um pequeno pueblo em ruínas que está se reerguendo por causa do Caminho de Santiago. Mesmo assim, não há nada para fazer ou ver lá, apenas algumas casas.

Uma curiosidade para quem leu O Diário de um Mago, de Paulo Coelho: foi neste lugar que ele lutou contra os cachorros, simbolizando ele ter “combatido o bom combate”.

Foncebadón visto de uma janela no último andar do albergue.

Foncebadón a Manjarín

Saindo de Foncebadón você vai pegar uma estradinha de terra que não é mais a mesma reta interminável da subida do dia anterior. Serão mais 60 metros para subir em 1,4 quilômetro. Neste ponto você cruzará a rodovia novamente. Isso mesmo, mais uma vez…

A notícia boa é que faltam uns 650 metros para chegar na Cruz de Ferro! O caminho segue ao lado da rodovia, mas numa trilha agradável aos pés cansados dos peregrinos. A subida já não é mais pesada, o pior já passou. Pelo menos por enquanto!

Trilha para os peregrinos ao lado da estrada. Quase chegando na Cruz de Ferro. Mal da para vê-la por causa da neblina.

No quilômetro 7,65 você finalmente chegará à tão esperada Cruz de Ferro! Este é um ponto esperado por muitos peregrinos, que ali depositam uma pedra ou algum pequeno pertence.

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A Cruz de Ferro no Caminho de Santiago

Apesar da sua grande simplicidade, a Cruz de Ferro é o marco com a maior carga simbólica do Caminho de Santiago. Nada mais é do que uma pequena cruz de ferro apoiada num grande tronco que tem como base um enorme monte de pedras.

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É tradição que cada peregrino deposite uma pedra para receber proteção divina no difícil trajeto até o túmulo do apóstolo Santiago Maior.

Existem várias teorias sobre a origem da Cruz de Ferro. Para alguns historiadores a Cruz de Ferro teria suas raízes em um culto anterior à passagem do Caminho de Santiago, durante o Império Romano, quando teria sido usado como um sinal que marcasse um limite territorial.

A Cruz de Ferro e o monte de pedras que serve de base para ela.

Há também aqueles que defendem que este lugar era originalmente um local de culto romano, em que haveria um altar dedicado a Mercúrio, deus protetor dos caminhantes e viajantes. Segundo dizem, o eremita Gaucelmo, protetor dos peregrinos, colocou uma cruz neste antigo monumento.

Ela pode também ter sido erguida para marcar a estrada quando neva, pois ela fica freqüentemente escondida de vista.

Em 1982, uma capela dedicada a Santiago foi construída ao lado da Cruz e, há alguns anos, o Centro Gallego de Ponferrada tem celebrado a festa de Santiago com uma peregrinação ao local, reunindo centenas de pessoas.

Quando você visitar a cruz verá que os peregrinos tradicionalmente deixam uma pedra lá. Alguns peregrinos pegam uma pedra ao longo do caminho para carregá-la, outros trazem-na de casa. Estas pedras algumas vezes tem uma carta amarrada, uma palavra escrita ou uma mensagem para um ente querido.

Continuando até Manjarin

Depois da Cruz de Ferro o terreno é predominantemente descida. Um pouco ondulado, mas a altitude vai baixando. No km 9.85 você encontrará o asfalto outra vez. Desta vez andará nele e não tem acostamento! Faltam uns 150 metros para o albergue de Manjarín, que fica no km 10.

Chegando no albergue de Manjarin, a construção na parte direita da foto, seguindo o asfalto.

Manjarín a El Acebo

Depois de Manjarín, serão mais 300 metros descendo pela estrada, até sair dela novamente. A partir deste ponto você começará, aos poucos, a subir. Porém já terá uma paisagem bem legal e estará distante da rodovia. Pelo menos não vai conseguir vê-la, dando a impressão que está no meio do nada.

No km 11 vai ter um banco de madeira para dar uma descansada. Ali você pode apreciar um pouco a paisagem. Não falta muito para El Acebo, mas não será tão fácil assim.

No km 11,6 você cruzará de novo a rodovia e começará a acompanhá-la pelo seu lado direito, na trilha feita para os peregrinos. Falta 1,6 quilômetro para o ponto mais alto do dia (altitude de 1512m), no km 13,2.

Do ponto mais alto faltam menos de 4 quilômetros para chegar em El Acebo, mas o terreno é bem complicado. A descida começa aí, com pedaços íngremes e com muita pedra solta. Você descerá 363 metros em 3,75 quilômetros, aproximadamente. Vá devagar neste trecho e não pegue atalhos! Tem alguns perto de El Acebo, mas você corre o risco de cair e se machucar!

Assim que passar a parte mais alta poderá ver a Central Térmica Compostilla II, uma instalação termoelétrica que fica na região. Poderá ver as grandes (enormes) chaminés soltando vapor.

El Acebo visto de cima, pouco antes de chegar neste pueblo.

El Acebo

Você só enxergará este vilarejo quando estiver chegando. Verá os telhados de pedra cinza escura por cima. Os últimos metros serão uma descida bem pesada, mas somente por alguns passos.

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El Acebo é um pueblo bem pequeno, mas tem albergues, bares e restaurantes para os peregrinos. Quando fiquei na cidade descobri que pela manhã tudo estava fechado. Como tinha saído do albergue onde tinham algumas máquinas de auto serviço (e a porta só abria por dentro), acabei saindo sem tomar café (só consegui comer algo em Molinaseca).

El Acebo à noite, ninguém na rua, nada para ver. Só tranquilidade para descansar bem para o próximo dia.

Uma das vezes que fiquei neste lugar me hospedei no albergue que está localizado logo após a saída do pueblo, uns 200 metros depois. Foi uma grata surpresa. Lá tem restaurante, hotel e albergue. Tudo muito bom e com uma vista maravilhosa à noite. Porém fica afastado do pueblo, o que pode ser bom, dependendo do ponto de vista.

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